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  • Foto do escritorEstêvão Palitot

1693 | RELATÓRIO DA DIOCESE DE PERNAMBUCO

Atualizado: 25 de jan. de 2023

Um mapa produzido a partir do relatório do bispo da Diocese de Pernambuco [Olinda] D. Matias de Figueiredo e Melo ao Vaticano



Imagem da capa:



Em 11 de julho de 1693 o bispo D. Matias de Figueiredo e Melo encaminhou para o Vaticano um relatório descrevendo a situação da Diocese de Pernambuco (por vezes também se menciona Diocese de Olinda), no qual detalha a organização eclesiástica sob sua administração e traz alguns dados significativos sobre as populações aí reunidas.


O relatório parece ser composto pela reunião de informações produzidas em diferentes visitas do Bispo, ou de seus enviados para regiões mais distantes. Apesar das informações cobrirem o período de intensos conflitos nas guerras dos Palmares, do Açu e Jaguaribe, o Bispo não menciona esses eventos, atendo-se à descrição paroquial e das missões até então organizadas nas aldeias mais estáveis.


O modo de descrever os lugares é sintético e nem sempre há muitos detalhes. Em muitos casos apenas apresenta indicações vagas sobre a localização de aldeias subordinadas a alguma paróquia, como é o caso das missões dos capuchinhos no rio São Francisco. Algumas dessas localizações podem ser estimadas com certo grau de certeza a partir de outros documentos da mesma época ou posteriores como, por exemplo, a Relação do Padre Martinho de Nantes sobre as aldeias do São Francisco.


Ainda assim é possível perceber a progressiva expansão da ação missionária sobre regiões com importantes populações indígenas como o litoral da Paraíba e Rio Grande, o Ceará, Ibiapaba, Ararobá e rio São Francisco.


A íntegra do relatório, pode ser conferida no site do projeto ReligionAJE - Religião, administração e justiça eclesiástica no Império Português (1514-1750) / Universidade de Coimbra, sessão destinada à Olinda.




Como navegar: Ao passar o cursor por cima dos pontos do mapa é possível conferir os trechos do documento redigido pelo Bispo referente a cada um deles.
Nota metodológica sobre a produção da cartografia: no mapa localizamos a sede da Diocese (em Olinda), as paróquias e as missões e aldeamentos citados no documento. Para a produção do mapa levamos em consideração a leitura de Levy Pereira no Atlas Digital da América Lusa e a bibliografia historiográfica contemporânea.
As aldeias que aparecem com os nomes entre parênteses são aquelas que não foram nomeadas no documento, mas que são estimadas a partir da descrição fornecida e do cruzamento com outras fontes. A interrogação indica que o cruzamento das informações não é plenamente conclusivo, apesar de ser o mais provável para cada caso.
A seguir, indicamos a correspondência entre as localidades atuais e as aldeias mencionadas:
  1. (Aldeia não nomeada ?) = Localização probabilística na zona rural entre os municípios paraibanos de Santa Rita, Rio Tinto e Lucena, a partir de registros holandeses de aldeias nessa região algumas décadas antes.

  2. (Cariris de Taipu ?) = Cidade de Pilar, na Paraíba.

  3. (Escada) = Cidade de Escada, em Pernambuco.

  4. (Gramació ?) = Cidade de Vila Flor, no Rio Grande do Norte.

  5. (Guajiru) = Cidade de Extremoz, no Rio Grande do Norte.

  6. (Guaraíras) = Cidade de Arês, no Rio Grande do Norte.

  7. (Ibiapaba) = Cidade de Viçosa do Ceará.

  8. (Ilha de São Pedro ?) = Terra Indígena Caiçara/Ilha de São Pedro. Porto da Folha, Sergipe.

  9. (Jacoca) = Cidade do Conde, na Paraíba. Terra Indígena Tabajara.

  10. (Mipibu ?) = Na zona rural do município de Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte.

  11. (Pacatuba ?) = Cidade de Pacatuba, em Sergipe.

  12. (Pambu ?) = Terra Indígena Truká. Cabrobó, Pernambuco.

  13. (Preguiça ?) = Terra Indígena Potiguara de Monte-Mór. Rio Tinto, Paraíba.

  14. (S. Amaro) = Zona rural do município de Pilar, em Alagoas.

  15. (S. Miguel da Baía da Traição ?) = Terra Indígena Potiguara. Baía da Traição, Paraíba.

  16. (S. Miguel de Una) = Cidade de Barreiros, em Pernambuco.

  17. (Uracapá ?) = Ilha do Aracapá, município de Orocó.

  18. (Utinga ?) = Zona rural do município de Santa Rita, na Paraíba.

  19. Ararota = Terra Indígena Xukuru. Municípios de Pesqueira e Poção, Pernambuco.

  20. Limoeiro = Cidade de Limoeiro, Pernambuco.

  21. Vraitagi = Cidade de Alhandra, Paraíba.



FONTE:


1693, julho 11, Olinda - Relatório da visita ad Sacra Limina da diocese de Pernambuco [Olinda] remetida à Congregação do Concílio pelo bispo D. Matias de Figueiredo e Melo Arquivo Apostolico Vaticano, Congregazione Concilio, Relationes Dioecesium, vol. 596, fls não numerados.



Para saber mais:


Brito, Vanderley de. Missões na Capitania da Paraíba. Campina Grande: Cópias & Papéis, 2013.


Cavalvanti, Alessandra Figueiredo. Aldeamentos e política indigenista no bispado de Pernambuco – séculos XVII e XVIII. Mestrado, UFPE-CFCH, Recife, 2009.


Galindo, Marcos. O governo das almas: a expansão colonial no país dos tapuias (1651-1798). São Paulo. Hucitec Editora, 2017.


Lopes, Fátima Martins. Índios, colonos e missionários na colonização da capitania do Rio Grande do Norte. Mossoró: Fundação Vingt-in Rosado, IHGRN, 2003 (coleção Mossoroense. Série C; V. 1379).


Medeiros, Maria do Céu. Igreja e dominação no Brasil escravista: o caso dos oratorianos de Pernambuco (1659-1830). João Pessoa. Idéia, 1993.


Medeiros, Ricardo Pinto de. O Descobrimento dos Outros: Povos indígenas do sertão nordestino no período colonial. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, 2000.



Puntoni, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a Colonização do Sertão Nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo. Fapesp. 2002


Rocha, Vanessa Anelise Figueiredo da. Missões franciscanas como ferramenta da conquista dos sertões de Pernambuco (1659-1763). Dissertação de Mestrado. PPGH/CCHLA/UFRN. Natal. 2016.


Silva, Wesley de Oliveira. Índios de guerra: aldeamentos e tropas indígenas na capitania de Pernambuco entre 1660 e 1695. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de PósGraduação emHistória, Recife, 2022

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